RENOIR
Embora já esteja meio carne de vaca, é sempre fantástico ver “Um Dia no Campo” em tela grande. E o restauro está muito bom.
Também “A Cadela” restaurado! Ave! Maravilhoso filme em que eu não esperava que a teatralidade de Renoir, em seu primeiro sonoro, estivesse tão presente. Mas está. Acho que é quase tão bom quanto “Boudu Salvo das Águas”, mais para o trágico, mas nem tanto: mesmo na desgraça há vitalidade e humor, com Renoir.
DE SICA E DOCS
O grande restauro italiano do ano, festejado e tal, foi “Casamento à Italiana”, do Vittorio de Sica. Um filme bem mais ou menos, se bem que Loren e Mastroianni sempre justificam e o filme não é indigno nem nada, mas não um grande, longe disso.
LANGLOIS
Um belo documentário sobre Henri Langlois e, sobretudo, com Henri Langlois. Quer dizer, muita gente falando bem dele, o que não raro é um tanto aborrecido, parece coisa arranjada. Mas a parte em que o documentário o segue por Paris, ele comentando a cidade, a cinemateca, os bordeis que frequentava, os filmes que via quando matava aula… Tudo isso revela uma personalidade e uma inteligência incomuns. Únicas, eu diria.
Mas, no meio disso tudo, muita coisa medíocre.
O PRAZER DE SEMPRE
Por exemplo, o de encontrar Antonio Rodrigues, que com uma palavra define a essência de um dos Wellmans (The Star Witness, de 1931): “Careta”.
Careta e meio.
O que há de melhor nos filmes da virada dos anos 20/30, no começo do sonoro americano, é que, muito mais que a trama, há um modo de vida que se expõe. Mais tarde sobretudo os estrangeiros (Lang, Sirk, Hitchcock etc.) vão conservar, mas já bem misturado com as tramas.
No começo do mudo a trama ficava em segundo plano, o que dava em filmes mais soltos, o sistema era menos sistema. E Wellman parece que, depois do Código Hays, ficou um tanto perdido. Não que filme mal, longe disso, mas essa violência, essa rusticidade que ele trazia teve que ser contida, domada…
Acho que me repito. Enfim…
A PRAÇA É NOSSA
Ah, que maravilha alguns dos filmes da praça. Porque hoje a gente vê, mas só em tela pequena. Lá é em tela gigante e restauros tilintando: “Juventude Transviada”, de Nicholas Ray,
“A Dama de Shanghai”, de Welles, foram meus preferidos (agora achei “O Bandido Giuliano” meio mais ou menos, um tanto envelhecido, grave demais). Em troca, “A Hard Day’s Night”, Beatles com Richard Lester, é cada vez mais moderno: obra-prima de qualquer ponto de vista que eu consigo imaginar.
PARIS
Em Paris, vi pouco cinema e muita exposição, e a Mnouchkine (ir até o teatro dela ocupa o dia quase inteiro, mas, francamente, é de babar).
Mas o novo Cronenberg já entrou lá. E aqui? Será que vem? Ou já entrou?
Vamos voltar a isso.
E, aliás, há a Retrospectiva Lang rolando…