A Copa vista de longe

Por Inácio Araujo

Estranha agonia: na Itália a gente se sente sozinho enquanto o jogo acontece. Principalmente se tratando desse time, que vai aos trancos e barrancos. E os estrangeiros, claro, torcendo pelo Chile. Que a bem da verdade era muito mais claro em termos de propósito e de jogo.

E estrangeiros torcendo contra o Brasil. Pelo mais fraco. Mas como explicar que o mais forte ali era o Chile?

Mas uma coisa estranha acontece: depois de tanta propaganda feita pelo Brasil contra o Brasil, a Copa aqui está pegando bem pacas. Outro dia no Le Monde tinha um caderno inteiro sobre o Brasil. Parece que vive na TV italiana.

O espírito da coisa: dizem que há no Brasil vitalidade, juventude, invenção, essas coisas.

Se os empresários tivessem como aproveitar essa chance seria uma boa. Mas eles gostam é de pegar o jatinho para pedir favor ao governo.

O RITROVATO FOI ENCONTRADO

Está começando a ficar meio chato aqui em Bologna: parece Cannes. Uma luta para entrar em cada sessão, durante o fim de semana.

Mas acho que é isso que os organizadores querem: muita garotada atrás de filme velho.

Filmes que se revelam um negócio. Um negócio que a Cineteca de Bologna pretende fazer euro-americano.

Gucci patrocina restauros (o de Juventude Transviada, por exemplo) e também o Ritrovato.

Aqui no Brasil que empresário botou um centavo do bolso (isto é, não pago pelo Estado) desde Thomas Farkas?

O dinheiro vai para jatinho, jet sky e helicóptero.

De todo modo, ninguém se preocupa no Brasil em imitá-los. E temos parceiros a encontrar para isso: Argentina, México, Cuba etc. – garanto que topariam.

Aqui se começou por a Cinemateca mesmo as Jornadas do Cinema Silencioso, no tempo em que tinha dinheiro.

Aqui, só o CineOP parece que leva uma luta nessa direção.