Sei, sei, já entendi, os juízes de futebol são péssimos.
Tanto os que atuam lá dentro como, em geral, os ex-juízes, os hoje comentaristas, que vivem fazendo média com seus pares.
Mas a questão é a seguinte: com a parafernália técnica que existe dá para provar mais ou menos o que cada um quiser.
Outro dia, um jogador do Sport fez pênalti num do Corinthians. Fez mesmo ou o cara se jogou?
Bem, quando se passa o lance em câmera lenta, depois de oito vezes você está convencido de que o tal beque empurrou o atacante.
Mas será essa impressão real?
De um modo geral, em vez de ajudar, a câmera lenta, que é um recurso analítico, só atrapalha.
Porque os lances de futebol são sintéticos. Você poderá vê-los melhor se tiver dez câmeras na jogada. Mas se ralenta o movimento, a impressão será falsa.
Uma vez vi uma cena em câmera lenta que parecia um assassinato, tal a brutalidade com que um jogador entrava na perna de um outro.
Mas, em movimento, não era nada disso.
É véspera de Copa do Mundo. É um bom momento para esse pessoal ficar esperto com a precariedade desses meios eletrônicos e começarem a ver com seus próprios olhos.
Com olhos livres, como diria o Jairo Ferreira.
Bem, quando ao automobilismo, nem comentar: inventaram uma espécie de imobilismo nele. Uma câmera que, de tão analítica, nos restitui a plena sensação de que o carro não sai do lugar.
O locutor, claro, diz maravihas. Ele sabe que não vale nada.
Com todos os recursos que tem, a TV ainda está a léguas de distância do que mostrava um “Grand Prix” lá por meados dos 60.