Banho de Bruna

Por Inácio Araujo
Bruna Lombardi mostra banho em campanha. Foto: Reprodução
Bruna Lombardi mostra banho em campanha. Foto: Reprodução

Recebo o e-mail da Bruna Lombardi com o célebre vídeo em que nos ensina a fazer economia de água.

Claro, há um quê publicitariamente ridículo (duvido que não seja obra de publicitário) naquela história de que “ah, eu vou repartir minha intimidade com vocês…”

O problema, com todo respeito à intimidade da Bruna, não é ela, mas a falta d’água.

E, nesse ponto, acho que está muito bem. A mim, pessoalmente, ensinou que há possibilidade de armazenamento da água do banho ou da lavagem de louça, por exemplo.

E, na pior das hipóteses, mal não faz.

Ok. Mas a questão não é bem essa.

Estamos em maio e no meio da maior seca desde aquela que aparece em “Vidas Secas”.

Esse vídeo teria sido bem-vindo em dezembro ou janeiro, quando a situação crítica ficou clara. Era a hora de uma campanha publicitária.

E isso poderia muito bem ter sido patrocinado pela Sabesp, por exemplo.

Não me lembro de uma peça em TV ensinando a economizar água. Nada nem de longe tão marcante quanto o vídeo da Bruna, em todo caso.

Em troca, me lembro bem das ameaças: quem gastar mais vai pagar não sei quantos por cento a mais. Multa!

Quem gastar menos vai pagar não sei quantos por cento menos. Prêmio!

Convenhamos, ridículo é isso.

Vamos ao racionamento! É duro, mas é igualitário, didático, instrutivo até do ponto de vista do planejamento governamental, ao mesmo tempo em que nos fala dos limites das ações de governo num país subdesenvolvido como o nosso.

Não acho que alguém deixe de votar no governador por causa de racionamento. Todo mundo está vendo a extensão da seca. Todo mundo compreenderia. Poder-se-á alegar falta de planejamento e perda de água no trajeto etc… Verdade, mas isso acontece desde os tempos de d. Pedro.

Acho que se pode deixar de votar porque a maneira como o governador lida com a questão não só pretende nos tratar como crianças (enganáveis, entenda-se), como revela uma infantilidade constitutiva e uma incapacidade de que eu pelo menos não suspeitava:

30% de multa, 30% de prêmio… Ora, vai catar coquinho, né?

Em suma: de concreto contra a crise da água só vi o banho da Bruna.