Uma nova separação

Por Inácio Araujo

Asghar Farhadi  vai se tornando uma autoridade em problemas conjugais. Depois de “A Separação”, vai à França filmar “O Passado”.

Não é nenhum Kiarostami, bem entendido, mas, neste ano pouco animador, seu filme se destaca.

De cara, há uma cena no aeroporto: um homem chega, uma mulher procura localizá-lo, bate no vidro, essas coisas. Parece um casal.

De certa forma, é.

No passado, foi. E a mulher o leva para sua casa.

Estamos, pois, no reino da ambigüidade. Aos poucos sabemos que a relação entre os dois se desfez porque ele não suportava viver fora do Irã.

Ou seja, há algo de incompleto aí.

No entanto, ele vem para formalizar o divórcio, pois a moça (Bérénice Bejo, que apareceu naquele filme mudo, PB e meio besta que ganhou Oscar, está ótima) quer partir para outra, casar com o dono de uma lavanderia.

Dentro da família a intriga vai bem, com a filha da moça não suportando a presença do novo namorado e pedindo a presença do iraniano (que não é seu pai).

Fora dali (quem for ver verá) a intriga afrouxa violentamente.

Nada revolucionário, nada que mude o mundo, mas um filme a que se assiste com prazer. Não é coisa tão freqüente nos dias que correm.