Asghar Farhadi vai se tornando uma autoridade em problemas conjugais. Depois de “A Separação”, vai à França filmar “O Passado”.
Não é nenhum Kiarostami, bem entendido, mas, neste ano pouco animador, seu filme se destaca.
De cara, há uma cena no aeroporto: um homem chega, uma mulher procura localizá-lo, bate no vidro, essas coisas. Parece um casal.
De certa forma, é.
No passado, foi. E a mulher o leva para sua casa.
Estamos, pois, no reino da ambigüidade. Aos poucos sabemos que a relação entre os dois se desfez porque ele não suportava viver fora do Irã.
Ou seja, há algo de incompleto aí.
No entanto, ele vem para formalizar o divórcio, pois a moça (Bérénice Bejo, que apareceu naquele filme mudo, PB e meio besta que ganhou Oscar, está ótima) quer partir para outra, casar com o dono de uma lavanderia.
Dentro da família a intriga vai bem, com a filha da moça não suportando a presença do novo namorado e pedindo a presença do iraniano (que não é seu pai).
Fora dali (quem for ver verá) a intriga afrouxa violentamente.
Nada revolucionário, nada que mude o mundo, mas um filme a que se assiste com prazer. Não é coisa tão freqüente nos dias que correm.