Que cidade é esta?

Por Inácio Araujo

Passou no domingo, na TV Cultura, “Uma Outra Cidade”, de Ugo Giorgetti, que trata da geração dos Novíssimos de 1960.

Roberto Piva, Claudio Willer, Antonio De Franceschi, Rodrigo de Haro estão presentes.

Ao lado deles, Jorge Mautner. Em paralelo, mas num outro jogo, aparentemente.

É uma geração que precede a minha. Conheci alguns deles, como Piva e, sobretudo, Willer.

Willer era de uma generosidade inacreditável. Achava que havia talento numas prosas poéticas que eu, mais precavido, resolvi jogar fora pelo bem da humanidade e pelo meu próprio.

Eles eram poetas, eu não.

O Piva mais do que todos.

Mas havia ainda Decio Bar, que foi um colega na Folha por algum tempo e morreu prematuramente.

E Raul Fiker que, acho eu, trocou a poesia pela universidade, mas não estou certo disso.

E o Roberto Bicelli, que não sei porque não aparece no filme, que é outro poeta formidável.

Poderia falar um pouco daquele ambiente, sobretudo do Ateliê Maninha. Era um ponto de reunião. Quem me levou lá foi Bernard Belfort, que eu conheci e que, acho, se mandou para a Índia, pois era fascinado por aquelas coisas.

E lá aprendi muita coisa, tomei contato com Rimbaud, Artaud, Breton, beatniks (Gregory Corso em particular), conheci pessoas bacanas, como Célia Igel, que foi minha namorada.

Mas não era disso que eu queria falar, e sim da cidade em que viviam. Cidade de utopia.

Cidade com um centro (e o centro do centro:a Biblioteca Municipal, com o Estadão em frente, o Paribar atrás e o Municipal ao lado). Utopia: mudar o mundo em sonho.

Por que acabamos nesse pesadelo urbano?

Há que voltar ao tema.

La Mort dans ce Jardin

Eu estava até estranhando: ninguém tinha morrido nos últimos dias.

Agora chega a notícia de que morreu García Márquez.

Era uma personalidade simpática. Mas seus livros nunca me interessaram. Paciência.