Primeiro, pela manhã, no sábado, a descoberta surpreendente e infeliz de Ettore Bottini como escritor, autor de “Uns Contos”, de que uma resenha da Folha fala muito bem.
Ainda não li. É surpreendente porque nunca soube que Ettore escrevia. Suas artes eram gráficas, em princípio, e todo mundo sabe que ele foi um dos grandes das capas nos anos 80/90.
Pois bem, na resenha da Folha vinha junto a notícia de que o livro era póstumo. E me pergunto: póstumo como? Ettore agora trabalhava no Banco do Brasil. Concursado. Ele que me atendeu e ajudou a desfazer um nó desses intransponíveis que os bancos inventam.
Era gentil como poucas pessoas, de uma delicada grandeza, que já aparece no título do seu livro. Uma perda e tanto.
Depois, à tarde, o lançamento de “A Calma dos Dias”, de Rodrigo Naves.
Esse tive tempo de abrir e folhear, de me deter em um ou dois artigos maiores (o sobre Michael Jackson é assustador, mais pelo que diz de nosso tempo do que por outra coisa), em alguns pequenos, verbetes, quase-poemas em prosa, iluminações.
Do que é o livro? É um livro transgênero, vamos ficar com o termo agora corrente: nem ficção, nem ensaio, nem poesia – mas tudo isso ao mesmo tempo. Não uma mistura, mas um encontro de vários objetos, de várias maneiras de expressão do mundo.
Em todos, um certo afastamento do mundo. Um tempo longo, apaziguado. Um tempo de perda e recuperação, talvez? Não sei, à medida que lia pensava em Montaigne. Mas de um mundo talvez já inexplicável.