Uma coisa que vale a pena fazer: passar na Cinemateca Brasileira e procurar um exemplar da Revista da Cinemateca, número 2.
Foi feito (ou terminado, não sei) na gestão de Olga Futema. É uma boa revista, com uma personalidade meio acadêmica, de discussão alongada dos assuntos.
E traz de passagem um DVD de “Limite”, novo restauro.
Não compensa, mas consola pelo fim da FilmeCultura, nova versão, que era editada pelo CTAv, tinha uma pegada jornalística mais forte, mas nem por isso desprovida de profundidade. Seu fim é um desses crimes absurdos das administrações públicas envolvidas com cinema.
Faz algum tempo já eu penso que o velho papel de difusão das cinematecas precisa ser discutido.
Ela sempre foi muito irregular. Teve momentos fascinantes (a velha sala de Pinheiros, no tempo do Carlos Augusto Calil, ou a salinha da SAC no subsolo do antigo Belas Artes), mas outros muito vazios.
Hoje em dia tem uma sala admirável, mas a verdade é que não é mais um centro de formação de espectadores. Serve para formar gente que sabe lidar com negativos, o que não é pouco. Mas isso diz respeito a manipulação e restauro.
As gerações novas se formam baixando filmes na internet. Fim. Não estão nem aí para o resto. Ou formam-se nas faculdades de cinema. Fim.
Então, a Cinemateca (as Cinematecas) precisa encontrar outras formas de se tornar um ponto de congregação de gente interessada. O MIS está fazendo algo muito interessante, com essas exposições. Por que não a Cinemateca, com expôs mais específicas?
E a revista, claro.
E talvez boletins mais modestos, em que jovens possam escrever sobre os filmes (eles já escrevem na internet, poderiam muito bem exercitar um pouco de escrita no papel). Isso para dizer que a revista está muito boa. Mas é uma revista de professores. Não para professores necessariamente, mas feita por eles. Seria legal ter ao menos um boletim, modesto que fosse, que representasse o início de um centro de estudos, algo capaz de congregar gente em torno da Cinemateca.
Para resumir: 1. a Revista da Cinemateca vale a pena; 2. Liquidar a Filme Cultura é criminoso: ali estava se firmando como belo lugar de discussão de questões atuais e históricas, com gente de primeira linha.