Um filme paradoxal, esse “Coutinho” de Carlos Nader.
Ele se compõe de uma entrevista com o diretor e trechos de seus filmes.
O estranho, no caso, é que Coutinho está mais nos trechos de filmes apresentados do que na própria entrevista.
Não é vergonha para o entrevistador, nem para ninguém.
É que é como se fosse dispensável conversar com Eduardo Coutinho: ele está inteiro em seus personagens.
E o que o filme mais dá é vontade de revê-los.
Será que ficaria melhor se, em vez de falar sobre os filmes e os métodos de filmagem a conversa girasse sobretudo em torno das idéias do realizador seria mais eficaz?
Pode ser.
Alguns momentos se destacam na entrevista:
1. quando Coutinho defende a arte da superfície em detrimento da “profundidade”.
2. quando fala que a ficção lhe trazia incertezas que não levou para o documentário.
3. quando fala que existe “a verdade da filmagem e não a filmagem da verdade” (existe ou o que conta, enfim…)
4. a parte final, quando seu entusiasmo se manifesta e ele parece, então, por alguns momentos, com seus personagens, em que a densidade está na relação da figura com a palavra, da palavra com o espaço.
Um filme a ver, sem dúvida.
E hoje eu também quero ver “A Imagem que Falta”, sobre o Camboja, que parece ser importantíssimo.