Eu não me canso de olhar para os dois rapazes que provocaram a morte do cinegrafista durante uma manifestação.
Sobretudo o Raposo, o Fox: sozinho, ele parece um seminarista. Deve ser dessas pessoas com quem se cruza e nem se nota a presença.
Em grupo, pode sim matar alguém. Não que os dois tenham deliberadamente tentado matar o cinegrafista. Mas assumiram esse risco.
Digamos que voltassem o rojão contra a PM. Que diferença? Um PM então se pode matar na boa? Não tem mulher, mãe, filhos?
Mas não era esse o caso. Por tudo que li, existe entre os Black blocs uma oposição à imagem.
A imagem é a testemunha. Incômoda, se for muito precisa, se revelar quem são as pessoas por trás das máscaras. E desejável, quando satisfaz a intenções midiáticas dos atacantes.
Curioso é que, com os rostos mascarados, esses rostos parece que procuram se sobressair, encontrar um lugar para si mesmos. Faz parte, me parece, do processo de descobrir quem somos, que papel temos no mundo etc.
E o que denunciou o Fox, que deu início à caça à raposa, não foi o rosto: foi uma tatuagem.
Por outro lado, a mídia precisa tomar uma decisão: ou defende os atiradores de rojões e similares (como os caras que mataram um menino no estádio, na Bolívia) ou os condena.