A legislação (ou hábito) de marcar o lugar das poltronas é a coisa mais desagradável que o cinema produziu desde “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson.
Perdemos o gosto pelas filas, tão paulista. E nas filas às vezes encontrávamos velhos conhecidos, fazíamos amizades.
Isso só serve a quem vende ingressos pela internet. Mas vá lá.
Se eu sento atrás de um cara altão e ele me tapa a visão. Se fico ao lado de uma mulher que não para de falar, bem, não posso reclamar a ninguém. Foi a sorte.
No passado, se eu ficava ao lado da mulher que fala é porque escolhi sentar ao lado dela, ou não tinha outro lugar, tudo bem: foi escolha minha. Agora, não: tudo depende apenas da sorte.
Mas, vá lá. Tudo isso se agüenta em nome do progresso.
Agora, é preciso que os cinemas indiquem precisamente a hora do início da sessão e a do início do filme.
E que, a partir do início do filme, os lugares marcados sejam desconsiderados.
Porque é insuportável, isso: o filme rolando e cara entrando, com lanterninha, procurando o lugar. E errando. Vão na fila errada, na poltrona errada. Teve um que quase sentou no meu colo outro dia (por engano, claro).
Quer dizer: já que a opção foi pela ordem, que se ponha um pouco de ordem na ordem. Senão os primeiros dez minutos de filme são dedicados aos retardatários que, sabendo ter lugar marcado, chegam atrasados.
Enfim, está na hora de os melhores cinemas (Espaço, Reserva) darem uma inovada.