Terá sido uma boa idéia escalar Sandy em “Quando Eu Era Vivo”?
No começo, me parece que sim. A moça é definida pelo senhorio como uma verdadeira jóia, garota gentil, simpática, paga em dia etc.
Não é um ato de “comercialismo” como se pode pensar com maldade. Ela é uma cantora, o filme precisava de alguém (mulher) que cantasse.
Muito melhor uma cantora conhecida que coubesse no papel do que lançar uma garota que ninguém ainda sabe quem é. Acho que buscar o público é bom, não faz mal a ninguém.
É à medida que o filme evolui que Sandy mostra limites muito claros.
Primeiro, fuça daqui fuça de lá, o que escutei foi que ela é que impôs aquela maquiagem que a deixa com cara de manicure de subúrbio.
Talvez Marco Dutra tivesse feito melhor se aproveitasse essa superfície porcelanada do rosto da atriz, se fizesse com ela mais ou menos como se faz com o boneco Chuky… Talvez ficasse algo aterrorizante.
Ela me parece o ponto fraco de um elenco muito bom, do Fagundes ao menor coadjuvante todo mundo funciona bem.
Li alguém no “Guia da Folha” (desculpe, não me lembro quem) dizer que o filme não assumia o gênero. Não acho. Aliás, não vejo porque teria de assumir o gênero. Ele é o que é, fim. Me parece que está um pouco na linha do “Estranho Encontro” do Khoury, de um terror tipo a série do Val Lewton.
Mas aquela menina boazinha do começo, ao se transformar, seria a chave de imagens terríveis que, na verdade, não acontecem.
Agora, trata-se do seguinte: quando vejo um filme desse pessoal dos Filmes do Caixote tenho a sensação de ver alguém que sabe o que faz, porque faz, onde quer chegar.